Passam hoje (23 de março 2022) exatamente 17 499 dias sobre o dia 25 de Abril de 1974; tantos quantos os que decorrem entre 28 de Maio de 1926 – data do golpe de Estado que terminou com a I República – e o 25 de Abril de 1974, data da revolução que terminou com o regime fascista do Estado Novo.
Foram quase 48 anos de vigência de um regime autoritário, antiparlamentar, antidemocrático e colonialista. Foi o maior período autocrático na Europa Ocidental durante o século XX. Os últimos 13 anos foram marcados por uma dura guerra anacrónica, pela manutenção das colónias portuguesas no mundo, em que Portugal resistia, “orgulhosamente só”, aos avanços da democracia e da autodeterminação e independência dos povos colonizados.
Durante a longa noite salazarista, muitos movimentos, partidos e democratas sem filiação lutaram contra o regime, muitos hipotecando a liberdade e a própria vida. Um desses movimentos, a Acção Socialista Portuguesa (ASP), foi fundado em Genebra, em Novembro de 1964, por Tito de Morais, Francisco Ramos da Costa e Mário Soares. A ASP foi o embrião do futuro Partido Socialista, fundado em Abril de 1973, um dos partidos fundadores da nossa democracia saída da Revolução dos Cravos.
Após a revolução de abril de 1974, Portugal conheceu um período de grande euforia progressista que, em poucos anos, mudou radicalmente a face do país. Os célebres 3 D – Descolonização, Democratização e Desenvolvimento – foram o motor de uma transformação profunda da nossa sociedade. A reposição dos direitos civis e políticos, bem como dos direitos económicos, sociais e culturais permitiu que, ao longo destes quase 48 anos de democracia, Portugal deixasse de ser um país isolado, autocrático e subdesenvolvido para passar a ser uma democracia estável, consolidada, integrada na Europa comunitária e com uma voz que é ouvida nos grandes fóruns internacionais.
Se é certo que em numerosos indicadores – socioeconómicos, da saúde, da educação, da cultura e outros – temos ainda um longo caminho a percorrer para estarmos ao nível dos nossos parceiros europeus, não é menos verdade que o balanço da democracia é inequivocamente positivo e que o Portugal de hoje nada tem a ver com aquele que existiu durante os 48 anos de obscurantismo e estagnação. Portugal celebra agora 48 anos de progresso e desenvolvimento.
Estamos certos do caminho a percorrer. Estamos no bom caminho. E que o dia de hoje seja o primeiro de uma liberdade absoluta e definitiva para todos. O sucesso da democracia em Portugal será o sucesso dos portugueses.
Lisboa, 23 de março de 2022
A Direção da Associação Tito de Morais
0 Comments