Manuel Alfredo Tito de Morais

(1910-1999)
Manuel Alfredo Tito de Morais, Maria Emília<br />
Cunha Rego Santos Tito de Morais e Francisco<br />
Ramos da Costa

Manuel Alfredo Tito de Morais, Maria Emília Cunha Rego Santos Tito de Morais e Francisco Ramos da Costa

Lutador Antifascista e Fundador do Partido Socialista

Manuel Tito de Morais nasceu em Lisboa em 28 de Junho de 1910 e morreu a 14 de Dezembro de 1999. Foi fundador e presidente do Partido Socialista, herdeiro da Acção Socialista Portuguesa (ASP) que ajudou igualmente a criar.

Foi o primeiro director do jornal “Portugal Socialista”, editado em Roma e com ampla divulgação em Portugal e junto da comunidade emigrante.

Dedicou  incondicionalmente toda a sua vida à política e aos seus ideais, antes e depois da Revolução de  Abril.

Tinha pouco mais de três meses quando foi implantada a República em Portugal com a participação activa do seu pai, oficial da Marinha, que em 05 de Outubro de 1910 comandou o cruzador São Rafael que bombardeou o Palácio das Necessidades, empurrando a família real para Mafra e daí para o exílio.

A sua iniciação política, como o próprio contou, data de 28 de Maio de 1926, aos 16 anos, “quando levei a primeira chanfalhada de um soldado de Cavalaria da Guarda Nacional que invadiu o Liceu Camões, quando de uma  greve estudantil”.

Do Exílio à Fundação do Partido Socialista

Tito de Morais foi, entre outras coisas, membro da Comissão Central do Movimento de Unidade Democrática (MUD),  participou nas campanhas eleitorais dos Generais Norton de Matos (1948/49) e Humberto Delgado (1958) para a presidência da República,  fundador do movimento Unidade Democrática Portuguesa, no Brasil, e dirigente da Junta Revolucionária Portuguesa, órgão directivo da Frente Patriótica de Libertação Nacional, com sede em Argel.

Foi preso pela PIDE duas vezes, a última das quais em 1961 quando vivia em Luanda, para onde se deslocou devido à impossibilidade de arranjar emprego em  Portugal após a primeira prisão em 1948. Iniciava-se então a guerra colonial em Angola e foi sujeito a maus-tratos e tortura, temendo mesmo pela sua própria vida.

Sem possibilidade de se manter em Portugal, Tito de Morais partiu para França ainda em 1961, depois para a  Alemanha e fixou-se finalmente no Brasil. Em 1963, depois da Convenção de Roma que criou a Frente Patriótica de Libertação Nacional, movimento da esquerda unitária em que  participavam o Partido Comunista e outros  movimentos antifascistas, foi o primeiro português a chegar à Argélia, onde a FPLN abriu a sua sede. Na segunda Convenção, em Praga, a FPLN elegeu o General Humberto Delgada como presidente.

Em 1966, com a transformação da Resistência Republicana e Socialista (RRS) em Acção Socialista Portuguesa (ASP), por Tito de Morais, Ramos da Costa e Mário Soares, estabeleceu-se em Roma. É então membro do Secretariado Nacional da ASP e delegado representante do movimento na Internacional Socialista (IS). Fundou o jornal “Portugal Socialista”, órgão central da ASP e mais tarde, em 1973, do Partido Socialista.

Ficha da PIDE de Manuel Alfredo Tito de Morais,<br />
16 de Dezembro de 1946.

Ficha da PIDE de Manuel Alfredo Tito de Morais, 16 de Dezembro de 1946.

Manuel Alfredo Tito de Morais e Maria Emília<br />
Cunha Rego Santos Tito de Morais

Manuel Alfredo Tito de Morais e Maria Emília Cunha Rego Santos Tito de Morais

Mário Alberto Nobre Soares e Manuel Tito de<br />
Morais

Mário Alberto Nobre Soares e Manuel Tito de Morais

Tito de Morais e a Construção da Democracia Portuguesa

Em 19 de Abril de 1973, realizou-se o  Congresso da ASP na cidade alemã de Bad Munstereifel destinado a transformar a ASP em Partido Socialista. Coube a Ramos da Costa e a Tito de Morais a organização do Congresso e  este foi o primeiro Secretário Nacional do Partido Socialista até ao primeiro Congresso na  legalidade em 1974.

Após o 25 de Abril de 1974, regressou a Lisboa no “comboio da liberdade”, com Mário Soares e outros antifascistas, sendo acolhidos em Santa Apolónia por capitães de  Abril e milhares de pessoas, numa imensa manifestação popular.

Tal como no passado, dedicou então a sua vida à construção da democracia em Portugal. Defensor da unidade de esquerda, desempenhou diversos cargos no Partido Socialista, o primeiro dos quais foi o de responsável pela organização como Secretário Nacional. Em 1974, um pequeno partido recém-formado passa imediatamente a 100 mil membros…

Em 1986 é eleito Presidente do Partido Socialista e posteriormente designado Presidente Honorário até à sua morte em 1999.

Manuel Tito de Morais, engenheiro   electrotécnico, foi Presidente da Assembleia da República (AR), vice- presidente da AR,  Deputado Constituinte e Deputado à Assembleia da República em diversas legislaturas. Foi ainda Conselheiro de Estado.